terça-feira, 30 de outubro de 2018

3) Provações Nos Fazem Mais Como Cristo


3) Provações Nos Fazem Mais Como Cristo

Agora vamos abrir em Romanos 8:28-29 para uma terceira razão porque Deus permite as provações: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto [chamados com propósito – JND]; Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho”. O assunto que conduz a esses dois versículos é que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto” sob “a escravidão da corrupção”, que veio sobre nós por meio do pecado (vs. 21-22). Essa provação toca a todos nós de uma forma ou outra. O apóstolo explica que, embora Deus não tenha trazido aqui a “escravidão da corrupção”, mesmo assim Ele usa isso em Sua escola para nos ensinar determinadas lições. Nesse caso, Ele a usa para nos moldar “à imagem de Seu Filho”. Essa é outra razão porque Deus permite as provações em nossa vida.
Cristo já não está aqui neste mundo, mas Deus queria que Ele fosse visto em Seu povo e por meio do Seu povo. Ele está atualmente trabalhando para formar nosso espírito e para moldar nosso caráter à imagem de Seu Filho, e usa as provações e tribulações para alcançar isso. Note, não diz aqui que tudo o que nos acontece é bom – porque algumas coisas são inegavelmente ruins – mas que essas coisas “contribuem juntamente para o bem”. Isso significa que Deus permitirá uma provação em nossa vida porque é para nosso bem derradeiro. A fé pode dizer, “algo de bom vai resultar disso!”
Frequentemente se diz que Deus tem mais para fazer em nós do que por meio de nós. Queremos fazer coisas no serviço para o Senhor, mas Ele está mais interessado em nos fazer mais como Seu Filho. Eu não estou dizendo que Ele não quer nos usar no serviço, mas um objetivo mais elevado para Deus é a conformidade moral de Seu povo a Seu Filho. Deus, na verdade, vai encher o céu com um povo redimido, que é tal como Seu Filho!
Poderíamos perguntar: como isso acontece exatamente? Bem, Romanos 12:2 diz que essa transformação à conformidade do Filho de Deus é um processo que ocorre de dentro para fora. Começa em nossa mente e produz resultados em nossa vida. Diz: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento [da vossa mente – ARA]. O que isso significa é que, pensar correto conduz às ações corretas, dando assim forma a nosso caráter.
Paulo mostra que uma coisa que definitivamente impede o processo da transformação é o “mundo”, e insiste, portanto, na necessidade da separação deste. Pensar de maneira mundana é colocar o “eu” em primeiro lugar, mas pensar segundo Deus é colocar Cristo em primeiro lugar. Quanto mais saturarmos nossa mente com a Palavra de Deus, mais pensaremos como Deus pensa. Veremos coisas como Ele as vê. Amaremos o que Ele ama e odiaremos o que Ele odeia, etc. Isso se manifestará em nossa vida. Haverá uma mudança moral em nossas palavras e ações. Mais e mais começaremos a nos assemelhar a Cristo em nossas maneiras. “Renovar” nossa mente refere-se à necessidade de reajustar nossos pensamentos. C. H. Brown dizia que poderíamos ter que fazer isso 50 vezes em um dia! Nossas mentes mantêm-se indo após coisas mundanas e carnais, e necessitam ser reajustadas repetidas vezes. H. E. Hayhoe costumava dizer, “preste atenção ao que você pensa, e deixe que isso seja Cristo”.
Deus trabalha não somente pelo Espírito internamente, mas também usa provações vindas de fora. Isaías fala do remanescente de Israel estando “aflito, arrojado com a tormenta e desconsolado” (ARA), mas assegurou-lhes também que por meio disso o Senhor estava formando Sua beleza neles. “Eis que eu porei as tuas pedras com todo o ornamento e te fundarei sobre safiras. E as tuas janelas [parapeitos] farei cristalinas e as tuas portas de rubis, e todos os teus termos, de pedras aprazíveis [preciosas] (Is 54:11-12). Quando a nação de Israel for restaurada ao Senhor, será um produto maravilhoso da habilidade divina. Naquele dia, a oração de Moisés será respondida: “seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus” (Sl 90:17 – ARF). A glória do Senhor irradiará sobre eles (Is 60:1). Mas o caminho desse divino final será por meio do sofrimento, que no caso deles será a provação da Grande Tribulação. À medida que lemos as epístolas vemos o caráter de Cristo emanando dos santos. E isso é bonito. Deus, pelo Espírito, escreve Cristo nas tábuas de carne de nosso coração, e isso floresce em nossa vida, em nosso andar e em nossas maneiras (2 Co 3:3). Foi o que o apóstolo expôs quando disse: “Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1:27). Muito da beleza moral nos santos é resultado das provações pelas quais passaram. Lembrem-se, é a flor esmagada que emite a fragrância!

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

As seguintes coisas são algumas dessas características morais de Cristo que Deus está atualmente produzindo em Seu povo por meio da provação.

As Entranhas [Compaixões] de Cristo – O apóstolo Paulo disse aos santos de Filipos que tinha saudades de todos eles em “entranhável afeição [compaixão] de Jesus Cristo” (Fp 1:8). Aqui vemos a compaixão de Cristo ser exposta em Paulo. Que característica bonita é! Notem, é “a compaixão de Jesus Cristo”. É o mesmo caráter da compaixão que o Senhor Jesus teve em Sua vida e ministério (Mc 6:34), reproduzido em um dos Seus.
Os filipenses expressaram compaixão e misericórdia a favor de Paulo enviando uma comunhão (oferta) pela mão de Epafrodito (Fp 2:1, 4:18). Por estar preso e não poder vê-los, escreveu uma carta de reconhecimento da comunhão enviada. Essa característica maravilhosa era o resultado do sofrimento de Paulo na provação. O tempo aqui não permite lermos as passagens que mostram algo do que ele passou na senda da fé e testemunho. Por meio daquelas coisas Deus produziu algo bom em Paulo – as compaixões de Cristo. Antes de sua conversão, ele não era reconhecido como tendo compaixão. Impiedosamente levou os Cristãos para ser espancados e entregues à prisão (At 8:1, 9:1, 22:4-5). Na escola de Deus transformou-se em um vaso apto para o uso do Mestre, cheio com as compaixões de Cristo.
Deus está procurando produzir as compaixões de Cristo em nós também. Podemos naturalmente ser caracterizados pela dureza e pela indiferença aos problemas dos outros, mas depois que Deus trabalha em nós, seremos marcados pelas compaixões de Cristo. Recentemente eu ouvi alguém dizer a uma criança que foi ferida, “aguente firme aí porque de mim, você não terá nenhuma compaixão”! Quando eu ouvi isso, disse para mim mesmo, “Depois que você passar pela escola de Deus, você terá”! Ele pode nos colocar em uma circunstância onde necessitemos da demonstração de compaixão, e não teremos nenhuma. Talvez, então, vamos ser exercitados a respeito de demonstrar compaixão aos outros. Como já falamos, as provações têm um jeito de nos abrandar (“Mas Deus fez meu coração brando” Jó 23:16 – JND). Deus nos fará como Cristo que Se compadece dos Seus enquanto passam por problemas (Hb 4:15).

A Mansidão e a Benignidade de Cristo – Intimamente conectadas com as compaixões de Cristo estão “a mansidão e a benignidade de Cristo” (2 Co 10:1). Nos capítulos 10 a 13 da segunda epístola de Paulo aos coríntios, ele defende seu apostolado. Esse era um assunto delicado, e poderia facilmente parecer vanglória e promoção de si mesmo. O problema era que havia determinados adversários que tinham afetado o pensamento de alguns dos coríntios, tentando afastá-los do apóstolo. Paulo sabia que se não tratasse esse assunto corretamente poderia perdê-los completamente a partir do momento em que deixariam de ouvir o apóstolo. Sabiamente ele deixou para tratar disso por último, por causa de sua natureza delicada, e o abordou com “a mansidão e benignidade de Cristo”. Em outras palavras, procurou tratar do assunto como o próprio Senhor Jesus faria.
Haverá ocasiões quando você terá que falar com alguém sobre algum assunto que, se não for tratado corretamente, poderá dar lugar a alguma ofensa pessoal – a pessoa poderá facilmente ficar ofendida, e talvez, deixar de se reunir. Será nessa situação que precisaremos especialmente da “mansidão e benignidade de Cristo”. Temos que falar a verdade, mas devemos fazê-lo em amor.
Talvez sejamos um pouco insensíveis aos sentimentos dos outros, e nos falte tato e graça. Alguns de nós pode ser um pouco como “um touro numa loja de porcelana”, mas Deus tem Suas maneiras de formar em nós as características de Cristo. Ele pode permitir que sintamos o que é alguém vir até nós de maneira arrogante que seja ofensiva, para nos exercitar sobre como tratamos os outros. Precisar interagir diariamente com alguém assim pode ser uma verdadeira provação, mas Deus pode ter colocado tal pessoa em nossa vida para nos exercitar. Apesar de tudo, “Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim, o coração do homem, ao homem” (Pv 27:19). Aprendemos o que está em nossos corações vendo isso em alguma outra pessoa é uma experiência humilhante.

A Obediência de Cristo – Mais adiante, no mesmo capítulo 10 de 2 Coríntios, Paulo fala às almas para ajudá-las a se libertar das ideias e das doutrinas errôneas que foram rigidamente instaladas em suas mentes. Chama essas ideias errôneas que se instalam na mente de “fortalezas”. Seu alvo era destruir aquelas “fortalezas” e trazer o pensamento dos irmãos sob a autoridade da verdade de Deus no espírito da própria submissão de Cristo a Deus. Ele disse: “levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (2 Co 10:5). Observe outra vez, essa é “a obediência de Cristo”, não a obediência a Cristoque é um pensamento completamente diferente. É o próprio caráter da obediência que Cristo mostrou em Sua vida. Sua obediência não era uma coisa legalista, pois obedeceu porque amou Seu Pai e quis agradá-Lo (Jo 8:29, 14:31). Pedro também fala desse mesmo caráter de obediência (1 Pe 1:2).
O ponto aqui é que Deus quer que obedeçamos do mesmo modo como Cristo obedeceu. Não quer que obedeçamos porque somos obrigados, mas porque queremos. As provações têm uma maneira de criar esse desejo em nós.

A Fé de Cristo – em Gálatas 2:20 diz: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o Qual me amou e Se entregou a Si mesmo por mim”. Paulo procurou viver “pela fé do Filho de Deus” – isto é, pelo mesmo tipo de certeza e confiança com que o Senhor Jesus vivia em Sua vida dependente. O ponto aqui não é tanto que devemos viver para Cristo, mas que devemos viver Cristo. O Senhor foi caracterizado por uma confiança simples em Deus. Esse mesmo caráter de Cristo deve estar em nós.
Para purificar e fortalecer nossa fé, Deus ordena provações para tocar nossa vida, por meio das quais aprendemos a confiar n’Ele. Em 2 Tessalonicenses 1:3-4, Paulo fala da fé que tinham e do crescimento dela “sobremaneira” e então acrescenta: “… nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais”. A fé deles cresceu ao serem provados pelas “perseguições e tribulações”. As provações nos ensinam a desconfiar de nós mesmos e a confiar n’Ele (Sl 16:1).

A Paciência de Cristo – em 2 Tessalonicenses 3:5 o apóstolo diz: “Ora, o Senhor encaminhe o vosso coração na caridade de Deus e na paciência de Cristo. Aqui temos outra característica de Cristo reproduzida nos santos – “a paciência de Cristo”. Paulo desejou que a espera dos santos pela vinda do Senhor fosse paciente. O Senhor quer que O esperemos como Ele mesmo espera no alto. Em glória Ele espera Seu Pai dizer-Lhe que é hora de vir para levar Sua noiva. Então descerá com um brado e com voz de Arcanjo e nos convocará. A mesma paciência que Ele tem no alto em glória deve ser vista em nós enquanto O esperamos aqui.
Há um grande perigo de abandonarmos a esperança da vinda do Senhor, o que será evidente naqueles que o fizerem. Dirão, essencialmente: “Meu Senhor tarda em vir” (Mt 24:48-49 – IBB). Note que essa não é a negação da Sua vinda, mas a queixa de Seu atraso. Se a iminência disso perder seu fulgor em nossos corações, nossa vida o mostrará. Em segundo lugar, “começarão a espancar” seus “conservos”, isto é, nos tornaremos ásperos e críticos com aqueles que estão fazendo o trabalho do Senhor. Terceiro, eles “comerão e beberão com os bêbados”, isso significa que haverá uma ruptura dos princípios da separação do mundo.
As experiências difíceis pelas quais passamos neste mundo podem não ser a razão mais elevada porque queremos que o Senhor venha, mas Deus as usa para direcionar nosso coração para o céu. Por meio dessas experiências aprendemos a esperar por Ele. Tiago diz: “Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor (Tg 5:7). Tiago também diz que Deus usa provações e tribulações para nos ensinar essa paciência: “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações Sabendo que a prova da vossa fé obra a paciência [perseverança – JND]. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma” (Tg 1:2-4).
O resultado das condutas de Deus conosco é que seremos transformados lenta, mas seguramente “conformes à imagem de Seu Filho”. No final, Sua “beleza” será sobre nós! (Sl 90:17 – JND)

Um comentário: